Se você ver uma mulher Sair de casa escondido Sem dizer ao marido E voltar quando bem quer Se o marido disser Onde você estava, tonta? E não é da sua conta Se ela disser pra ele Tudo leva a crer que nele Ela estar metendo ponta Se você ver um sujeito Na testa usar franjinha Falando com a voz fininha E andando um pouco sem jeito Se sentindo satisfeito Quando vê homem encostado Com uma bolsinha de lado Ele pode até não ser Mas tudo leva a crer Que o bichão é veado Se você ver um cidadão Usando chapéu de couro Falando em vaca e touro E cavalo alazão Com um chicote na mão De pele de marrueiro Usando o tempo inteiro Gibão com todo prazer Isso nos leva a crer Que ele é um vaqueiro Se você avista um moço Na rua ou numa esquina Vestido numa batina Com um rosário no pescoço Touquinha de pano grosso Na cabeça todo horário E usando o rosário Pra fazer a reza dele Tudo leva a crer que ele É com certeza um Vigário Se você vê um cara com Pele queimada e mão grossa E dizendo que a roça É que é o lugar bom Falando que ama o som Do machado e do trator E dizendo eu dou valor A plantar e a colher Tudo leva mesmo a crer Que é um agricultor Se você ver uma mulher Com a saia bem curtinha Quase mostrando a calcinha Para quem vê-la quiser Pedindo grana a chofer A soldado e a recruta Tendo como sua luta As orgias do prazer Isso nos leva a crer Que ela é prostituta Se você ver um rapaz Vestido de roupa branca De conversa muito franca Num carro caro demais Frequentando hospitais Dizendo que vai dar fim A doença que é ruim E faz o corpo sofrer Tudo leva sim a crer Que ele é médico, sim! Se vemos um homem andando Pelas matas do sertão De espingarda na mão E um bisaco carregando Também lhe acompanhando Um cão bem farejador Ligeiro e corredor Que não cansa de correr Isso leva a a gente a crer Que ele é um caçador Se você ver um camarada Em sítio e fazendola Conduzindo uma viola Bonita e bem afinada Modelando uma toada Bonita e bem otimista Fazendo versos na vista De quem pede pra fazer Tudo só leva a crer Que ele é repentista