Flores no asfalto, flores no asfalto Regadas por lágrimas de retirantes Flores no asfalto, flores no asfalto Sob o peso do Sol escaldante Tá vendo aquela estrada, moço? Quantos, passos, paus de araras e sonhos já passaram por ali? Sabe a cidade grande, moço? Quem construiu a maior parte foi essa gente que saiu daqui Acima de tudo um fraco É quem governa sem humanidade Quem fabrica os miseráveis E os porcos da legalidade Dizem que a força e a fé É a alma do sertanejo Quantas promessas pagas E mudanças, nada vejo E olha que dever ao santo É pior do que dever ao coronel Ainda vive o medo do castigo Alimentado por quem rouba o fiel Hoje civilizados Os urubus trocaram seus gibões por ternos Vivem na santa paz Enquanto o povo compartilha experiências de infernos O presidente grita: Mãos ao alto! Enquanto a fome pasta as flores no asfalto