No meio da confusão de tudo que parece raso Eu só queria um gole de profundidade Todo mundo tão apressado em sentir Mas ninguém quer entender O peso da palavra dita Ou a leveza de só ser E eu aqui, esperando o improvável Uma alma que me faça esquecer o banal Queria queimar horas só falando do mundo Sem pressa de voltar a ser comum Quando tudo é tão sexual Mas eu só quero fugir do normal Sentar e rir até perdermos o fôlego Com as estrelas como teto e o riso como eco Tanta pressa em tocar o corpo Mas quem toca a mente, afinal? Eu quero versos sobre Camus e Neruda E que a gente ria das loucuras do real Porque é nisso que me sinto vivo No espaço entre o profundo e o riso E se a vida é curta demais Por que gastar com o trivial? Prefiro noites longas E conversas imortais Quando tudo é tão sexual Mas eu só quero fugir do normal Sentar e rir até perdermos o fôlego Com as estrelas como teto e o riso como eco No fim, somos só palavras e sonhos Esperando alguém que veja além do óbvio