Quando cai a noite e o dia termina Volto pra rotina do rancho abençoado Desencilho o baio, solto na mangueira Vou tirar a poeira do corpo cansado Bombeio pro céu sempre que escurece Pra ver se carece de poncho amanhã O tempo anda feio de cara amarrada É chuva anunciada no canto das rãs O abraço dos piás, a canha e o mate Baita arremate pra lida campeira Me aninho no cepo por sobre um pelego A prosa e o achego da China parceira É noite na querência Poncho negro, imensidão A Lua nas campinas É noite campesina, descanso do peão Paçoca de charque, feijão de tropeiro Mais um pão caseiro, café com angu Panela de ferro no fogão aquenta Bóia que sustenta o vigor do xiru Vou pitar lá fora mirando a invernada Última espiada, tudo no lugar O gado na volta, a cuscada rosnando Urutau cantando, é hora de deitar O sono tranquilo depois do amor No meu braço a flor prenda meu bem-querer Peço a Deus do céu saúde e confiança Com fé e esperança, espero amanhecer