As luzes refletem No asfalto molhado, as vidas se perdem Don Kawboy na sombra, memória que pesa Paraíba resiste, favela não quebra Dona Lili senta na porta e relembra O tempo levou o que a rua não nega Filho criado na guerra e no vento Crime é um laço que prende no tempo Saudade que arranha na alma e no peito A lágrima escorre sem fazer barulho A favela grita, o silêncio responde Quem sobe no morro já sabe o futuro As luzes refletem No asfalto molhado, as vidas se perdem Don Kawboy na sombra, memória que pesa Paraíba resiste, favela não quebra No beco, a lei vem no estalo das botas Tá tudo registrado, mas nada se nota A mira é precisa, o alvo é o mesmo Pobre sem nome, favelado sem preço Eu corro ligeiro, pensamento afiado Os muros conversam, os becos são dados Mas Dona Lili não dorme tranquila O filho que sai, nem sempre se vira A vida é sentença, o tempo é juiz Quem pisa no erro, não volta feliz O crime é um livro sem última página Quem lê até o fim já sabe o que diz As luzes refletem No asfalto molhado, as vidas se perdem Don Kawboy na sombra, memória que pesa Paraíba resiste, favela não quebra