Me levanto no escuro da alma O relógio grita e eu obedeço Mais um dia começa sem trégua Na rotina que já não esqueço O passado foi casa de luxo Hoje sou só mais um a vagar Entre paredes cinzentas e poeira Carregando o mundo sem reclamar Café frio na mesa, pão com margarina O gosto me lembra que já fui alguém O tempo me prende numa eterna esquina Onde a saudade não solta ninguém A mente dança entre sombras e vozes Preso no ciclo do que já não sou A grandeza foi só um delírio Agora sou peça de um jogo sem cor Mas dizem que tudo é um roteiro Que o destino já veio assinar Se sou apenas um personagem Quem é que escreveu sem perguntar? Café frio na mesa, pão com margarina O gosto me lembra que já fui alguém O tempo me prende numa eterna esquina Onde a saudade não solta ninguém Talvez eu encontre um sentido Entre o cimento e o suor no chão Talvez eu aceite que a vida É só um ensaio sem direção Me levanto no escuro da alma O relógio grita e eu obedeço