Éramos só um bando de amigos Violão na praça, estrelas no chão O som do rock, a alma batendo Na cidade que não entende o coração Mas olharam pra gente com medo nos olhos Como se fôssemos fogo a queimar Um passo em falso, um pé na grama E veio a fúria sem perguntar Cassetete, sangue e sirenes A dor que não deu pra explicar Meu irmão caído, meus amigos gritando A noite começou a sangrar E assim eles perderam a gente Na pancada, no grito, na mente Levaram meu sangue, levaram meu chão Mas não vão levar meu refrão Sou da tribo esquecida Mas minha voz ainda grita No corredor do hospital, cabeça sangrando Cada passo doía mais que os cortes Costuraram minha pele, mas não o medo A noite ainda pulsava com golpes Saí na rua, a procura do meu irmão Só o silêncio que me acompanhou Na delegacia, perguntei sobre ele Disseram está preso, quer entrar Esperando justiça, encontrei prisão E trancaram comigo o refrão Mas naquele momento eu soube Que não era só eu a sangrar Era a cidade, a verdade, a juventude Que eles queriam calar E assim eles perderam a gente Na pancada, no grito, na mente Levaram meu sangue, levaram meu chão Mas não vão levar meu refrão Sou da tribo ferida Mas minha voz ainda grita Eles podiam ver só as roupas, o som Mas não viram o coração Não sabiam que nas cordas do violão Tinha mais força que a repressão E assim eles nos perderam de vez Mas não levaram o que a alma fez Nosso sangue virou poesia Nossa dor virou melodia Somos a tribo perdida Mas ainda vivos na batida Eles tentaram nos calar Mas só fizeram a gente cantar