Justo hoje que me escondo
Numa vilinha simplória
E gasto os dias compondo
Algo com minhas memórias
Estranho que essas lembranças
Anteriores, primitivas
Dos meus tempos de criança
Estejam tão, mas tão vivas!
G7
O casebre macharrão
Cm
Onde afinal vim ao mundo
G7
Fora encravado nos fundo
Cm
Do são gregório, rincão
G7
Espécie de construção
Cm
Comum naqueles confins
G7
Tijolo, barro, capim
Cm
Barro, capim e tijolo
C7 Fm
Meu universo crioulo
Cm G7 Cm
Ternura sem par nem fim
Fm G7
Certo espaço dividia
Cm
A morada do galpão
Fm Cm
Entre eles cinamão
G7 Cm
Três ou quatro na quantia
Fm Cm
Palco para as fantasias
G7 Cm
Todas de quem numa hora
Fm Cm
Arrocinava vassouras
G7 Cm
Dos pêlos mais variados
C7 Fm
E n’outras tropeava gado
Cm G7
De osso terreiro à fora!
La pucha! Quanta enxurrada
Roncando e fazendo carga
Cambiou a força d’água
Meus ossitos de invernada
Depois da chuva passada
De marca talha à cintura
Ia contar na planura
Do velho pátio embarrado
Os presos contra o alambrado
De galho e fios de costura
G7
Nem tão distante dali
Cm
Vinte metros, coisa pouca!
G7
A sanga de lavar roupa
Cm
E de pescar lambari
G7
De tanto andar por ali
Cm
Descalço pelo varzedo
G7
Atrás de arte... Brinquedo
Cm
É que deixei minha’alma
C7 Fm
Encardida como a palma
Cm G7 Cm
Dos pé e os vão dos dedo
Fm Cm
Além de pedra e sereno
G7 Cm
Há um algo que não vemos
Fm Cm
Mas que existe, sabemos
G7 Cm
Cobrindo o plano terreno
Fm Cm
Esse algo, não por menos
G7 Cm
Foi que acabou me’enredando
Fm Cm
Sem saber como nem quando
G7 Cm
Mandei-me’embora do pago
C7 Fm
Ilusão, pois sempre acabo
Cm G7 Cm
Ao escrever retornando!
G7
Dizer que cantar o pago
Cm
Goela aberta, no meu caso
G7
Tenha sido por acaso
Cm
Parece-me um pouco vago!
Fm Cm
Desde cedo me embriago
G7 Cm
Desses simples elementos
G7 Cm
Choro de rio, voz de vento
G7 Cm
Cheiro de fruta madura
C7 Fm
Poder de enxergar lonjuras
Cm G7 Cm
Olhando apenas pra dentro!