Largo ao tranco das esporas cantadeiras Bem de pingo ainda noite levo gado Tropa larga pra uma estância de fronteira E a saudade vai de tiro no costado Num rosilho vou à estrada faz dois dias Levo a noite e as estrelas nos pelegos Vai a Lua debruçada junto ao basto E a morena que me diz que logo chego De manhã o Sol clareia sem os galos E o meu cusco, mais que amigo, é um campeiro Volta e meia empurra a tropa na culatra Mas se perde quando vai junto ao ponteiro Cruzo o mato e sinto o aroma das pitangas Lembro os olhos e o perfume da minha linda Que me adoça o caminho dessa estrada Mas me aponta que tem mais estrada ainda Pelo tempo que tranqueia junto ao gado Vejo as horas pelo Sol que ainda me guia Quando a sombra chega embaixo do cavalo Acho o passo pra fazer o meio-dia No caminho fui deixando poeira e barro E me vejo abrindo a última porteira Foi a tropa mais ligeira do que a tarde Fiquei eu e a saudade companheira Tropa entregue, recomponho arreio e sonho Dou de rédea, pego as plata e nem confiro Volto às casas junto aos olhos da minha linda Com o pingo e a saudade vai de tiro