Faz tempo e não é de agora Me aquerenciei e achei poso No abraço pegajoso Dessa caixinha sonora Tanto que quem vê de fora Se não te enxerga por perto Enxerga todo deserto deixado pela erosão Da tua ausência no chão Do meu peito descoberto Quando um calor de mormaço Em tempos de chuva escassa Pegue a escorrer dessas alças Te encontro ao meu par de braço Sapeco um xote no encalço Dum vaneirão pra um bugio E com o próprio vento frio Vindo do fole acalanto E refrigera o meu canto Recheado a grito e assobio A cordeona, quando berras Grosso, fazendo escarcéu Acende estrelas no céu E planta flores na terra A cordeona, abre encerras Tramelas e fechaduras Somente essa postura Garantirá horizonte De baixo e botão aos montes Para as gerações futuras Mesmo que a sonoridade Animais de mato e campo Nos remetam ao descambo Devido a autenticidade Jamais ouvi liberdade Jamais ouvi valentia Destemor e rebeldia E nem nada assim tão bronco Tosco e bruto, quanto ronco Macho, dessa baixaria E se um dia lá na frente Tudo que nos é sagrado Hoje a caliço plantado Sem aviso de repente Tu cordeona como sempre Foi afinal de contas Faz sinuelo Puxa ponta Desenha rumos e nortes Pra que renasça O que é nosso E custa tanto A cordeona, quando berras Grosso fazendo escarcéu Acende estrelas no céu E planta flores na terra A cordeona, abre encerras Tramelas e fechaduras Somente essa postura Garantirá horizonte De baixo e botão aos montes Para a gerações futuras