Eu larguei do rancho dela contente mas contrariado Com a alma distraída de coração mais folgado Apertei pouco a cincha do meu baio estradeiro Pastou dois dias na sombra no verde bom do potreiro Eu fiquei dentro do rancho entre mate e prosa buena Quando a Lua despontava nós dois fazia um poema Não desses escritos a lápis rabiscados num papel Mas feito dos olhos dela com a aba do meu chapéu Vim cuidando pelo campo silêncios que não ouvia Aromas de Madressilva que a tempos já não sentia Trouxe amor e rapadura perfumes dela no pala E uma voz na lembrança que de saudade ainda fala Trouxe uma voz na lembrança Perfumes dela no pala Que surpresa achei no bolso um bilhete que dizia Te quero boa viagem te espero daqui seis dias Eu li e reli de novo depois guardei bem guardado No meio de um coração tinha seu nome assinado Meu baio pisava leve pela estrada no caminho Voava num trote manso com alma de passarinho Eu ia no lombo dele parecendo que nem vinha Deixei lá meu coração a metade que era minha Quando assobiei numa copla meu baio trocou orelha E se ergueu numa trama com cardeal crista vermelha Difícil ver um solito posam de par na cancela Por certo assim feito eu voltava do rancho dela Cheguei de noite nas casa antes que a noite chegasse Meu baio pisava leve com alma de passarinho Deixei lá meu coração a metade que era minha