De tanto dar tempo ao tempo Hesitar em silêncio, oscilar Vagar à toa e voltar a largar Já dissipei muitos restos Andrajos sem alvo ou destino Foi só desperdício Quem busca um pouco de alento No som do instrumento E faz correr o rio perdido nas mãos Vai misturar às vertigens de um sonho Os ruídos da voz Faz um mundo de si E é lapso, tropeço, engano Estacar mais um ano Adiar, e muita ideia confusa, ruim Por tortuosos caminhos e saltos sem chão Só rabiscos no improviso Quem busca ao fim o alívio Aperta o gatilho e faz Seu mundo inteiro explodir-se, ruir Não vai mais ver florescer e morrer O encanto da voz Novo sonho de si A melodia costura mais tempo Seu som de sombra, rosto de ar É duna a se desmanchar véu ao vento Onda num vão viajar, noite alçada à luz do dia Sobe a neblina, abre um clarão sobre a inconstância do coração