Anotei no espelho o que restou de mim Frases curtas, em letra pequena Não sentir tudo de uma vez Lembrar que o vazio também é cena Tentei medir o peso da ausência Mas ela muda toda vez que respiro Fiz da calma um exercício E da dor, um ritual silencioso e preciso Se o coração for tempestade Que a mente seja abrigo Mas às vezes o abrigo É o próprio perigo E eu sigo o manual que inventei Passo um: Não lembrar demais Passo dois: Fingir que tudo é fase Passo três: Respirar quando doer Ninguém me ensinou a sentir devagar Então escrevi meu manual de sobrevivência Pra não desabar Tem dias em que o corpo vai sozinho A alma fica pra trás, observando Aprendi a sorrir no automático Enquanto dentro tudo vai queimando Anoto promessas que não cumpro Regras que não sigo Mas escrever é o que resta Quando o amor vira castigo Se o coração for naufrágio Que o peito seja cais Mas eu me perco Toda vez que volto atrás E eu sigo o manual que inventei Passo um: Não lembrar demais Passo dois: Fingir que tudo é fase Passo três: Respirar quando doer Ninguém me ensinou a sentir devagar Então escrevi meu manual de sobrevivência Pra não desabar Talvez o segredo seja falhar bonito Chorar sem plateia Seguir sem saber pra onde Mas seguir E eu sigo o manual que inventei Passo um: Lembrar que fui inteira Passo dois: Perdoar o que perdi Passo três: Deixar o vento guiar Porque viver não é vencer É reaprender a existir Sem manual nenhum