Cresci no meio da rua, onde a vida é bruta Cada esquina tem história, a maioria é luta Os moleque me olhavam, achavam que eu era aço Mal sabiam eles, eu carregava o cansaço Era a heroína da quebrada, eles me viam brilhar Mas por dentro a batalha era pra não desmoronar O sonho de sair, de fugir da correria Mas cada dia, só mais bala e agonia Eles me chamavam de rainha, forte na postura Mas eu sabia, isso aqui é uma armadura Vi vários caindo, sem chance de voltar Agora eu tô aqui, tentando só respirar Eu era a heroína da quebrada Vários pivete achando que era bala Agora eu estou aqui vivendo Enquanto muitos estão morrendo Eles falavam que eu tinha tudo pra vencer Mas ninguém contava quantas noites sem dormir pra sobreviver Cada amigo que se foi, cada irmão que caiu Eu tô viva, mas o peso no peito nunca sumiu Eles queriam ser eu, ser forte como eu Mas não viram o sangue que meu coração verteu O game é cruel, a rua cobra caro Por isso sigo na linha, com o olhar sempre raro Ainda aqui, firme, mas com cicatrizes Sobreviver é sorte, nessa selva de raízes Os pivete ainda olham, ainda querem ser Mas se soubessem o preço, iam querer correr Eu era a heroína da quebrada Vários pivete achando que era bala Agora eu estou aqui vivendo Enquanto muitos estão morrendo Cada corpo no chão é um sonho interrompido Cada lágrima que cai, um caminho perdido Eu sigo aqui, mas a alma tá cansada Vendo a quebrada virar fumaça na madrugada Eu era a heroína da quebrada Vários pivete achando que era bala Agora eu estou aqui vivendo Enquanto muitos estão morrendo