É fim de mês, é fim de mês, é fim de mês É fim de mês, é fim de mês Eu já paguei a conta do meu telefone Eu já paguei por eu falar e já paguei por eu ouvir Eu já paguei a luz, o gás, o apartamento Kitnet de um quarto que eu comprei a prestação Pela caixa federal, au, au, au Eu não sou cachorro não (não, não, não) Eu liquidei a prestação do paletó, do meu sapato, da camisa Que eu comprei pra domingar com o meu amor Lá no Cristo, lá no Cristo redentor Ela gostou (oh) e mergulhou (oh) E o fim de mês vem outra vez É fim de mês, é fim de mês, é fim de mês É fim de mês, é fim de mês Eu já paguei o peg-pag, meu pecado Mais a conta do rosário que eu comprei pra mim rezar Ave Maria Eu também sou filho de Deus Se eu não rezar eu não vou pro céu (céu, céu, céu) Já fui pantera, já fui hippie, beatnik Tinha o símbolo da paz dependurado no pescoço Porque nego disse a mim que era o caminho da salvação (vai lá) Já fui católico, budista, protestante Tenho livros na estante, todos têm a explicação Mas não achei Eu procurei Pra você ver que procurei Eu procurei fumar cigarro Hollywood Que a televisão me diz que é o cigarro do sucesso Eu sou sucesso (eu sou sucesso) No posto esso encho o tanque do meu carrinho Bebo em troca meu cafezinho, cortesia da matriz There's a Tiger no chassis É fim do mês, é fim de mês Do fim de mês eu já sou freguês Eu já paguei o meu pecado na capela Sob a luz de sete velas que eu comprei pro meu Senhor do Bonfim, olhai por mim Tô terminando a prestação do meu buraco Do meu lugar no cemitério pra não me preocupar De não mais ter onde morrer Ainda bem que no mês que vem Posso morrer, já tenho o meu tumbão, o meu tumbão Eu consultei, e acreditei, no velho papo do tal psiquiatra Que te ensina como é que você vive alegremente Acomodado e conformado de pagar tudo calado Ser bancário ou empregado sem jamais se aborrecer Ele só quer, só pensa em adaptar Na profissão seu dever é adaptar Ele só quer, só pensa em adaptar Na profissão seu dever é adaptar Eu já paguei a prestação da geladeira Do açougue fedorento que me vende carne podre Que eu tenho que comer Que engolir sem vomitar Quando às vezes desconfio Se é gato, jegue ou mula Aquele talho de acém que eu comprei pra minha patroa Pra ela não me apoquentar É fim de mês, é fim de mês, é fim de mês É fim de mês, é fim de mês E o fim de mês vem outra vez