O tempo não é, minha amiga Aquilo que você pensou As festas, as fotos antigas As coisas que você guardou Os trastes, os móveis, as tranças Os vinhos, os velhos cristais As doces canções de criança Lembranças, lembranças demais O tempo não para no porto Não apita na curva, não espera ninguém Você vem deitar no meu ombro Querendo de novo ficar Eu olho e até me assombro Como pode esse tempo passar O tempo é areia que escapa Até entre os dedos do amor Depois é o vazio, é o nada É areia que o vento levou O tempo não para no porto Não apita na curva, não espera ninguém O medo correndo nas veias Deixou tanta vida pra trás E a gente ficou de mãos cheias Com coisas que não valem mais E fica um gosto de usado daquilo que nem se provou A gente dormiu acordado e o tempo depressa passou O tempo não para no porto Não apita na curva, não espera ninguém