Depois da espera interminável Vem a brisa, alto-mar, gente nova, esperança Depois de silêncio e sombra Vem o fogo, vem a feira, vem a luz Depois de ver tantas partidas Vou chegar devagar, com sorriso, com afeto Depois de telas carcomidas Rasgo o véu, piso fundo, vou ver vida Depois de amargas distâncias Firmo o canto, solto a voz, refestança Depois do frio isolamento Vem o cheiro e o tempero O sabor daquele abraço O calor do ser Depois de cultivo e cuidado Temos força tempo-espaço Tudo é nosso Ninguém tasca, Ai de quem! Aglomero os sentimentos, gritos, sonhos e lamentos O anseio contido pinta de azul essa cidade Traz o cheiro improvável, a palavra esquecida, mas ainda assim, sentida Depois eu vejo, depois eu digo, depois eu faço Nada mais é prorrogado, pois verdade não se adia Presencial compromisso consigo mesmo e com o outro De ser força, de ser luz, de só ser Em cada canto um brilho próprio Faróis em movimento que iluminam sem ofuscar Que comunicam sem transbordar O que cabe no agora não se culpa, o que existe lá fora vem de dentro Antes de se lançar a decisão, no infinito criar a certeza De que o som do sim, só vem