A cama está vazia Um travesseiro sobrando O cobertor não me aquece O vento, que está soprando E nas quebradas da noite Bitucas estão queimando E o travesseiro amigo Por ela, está esperando E no silêncio da noite Só ouço o barulho do vento Somente as quatro paredes São testemunhas Do meu sofrimento E no silêncio da noite Só ouço o barulho do vento Somente as quatro paredes São testemunhas Do meu sofrimento Já é madrugada e o sono não chega Me viro na cama pra lá e pra cá Fumo um cigarro e outro cigarro Sentindo a saudade no peito, apertar Deito e me levanto, me levanto e deito A noite, pra mim, é um martírio profundo O cinzeiro cheio de cinza e bitucas É a testemunha das noites de angústia E eu não consigo dormir um segundo As lágrimas roubam meu sono No triste abandono de um amor primeiro Eu choro triste, amargurado Porque ao meu lado sobra um travesseiro São noites de triste amargura Só desventura, minha alma reclama Sentindo a falta de alguém Parece que tem espinho na cama Sentindo a falta de alguém Parece que tem espinho na cama Já comprei passagem para ir embora Só me resta agora apertar-te as mãos Se já me trocastes por um outro alguém Já não me convém ficar aqui mais, não Levo comigo desse amor desfeito Solidão, despeito e cruel desgosto No avião das nove, partirei chorando Por deixar quem amo nos braços de outro Ao chorar lhe darei meu adeus Porém, juro por Deus Que não quero piedade Se o pranto de quem mais te quis Te faz muito feliz Faça a sua vontade E ao ver o avião subir No espaço sumir Não vai chorar, também Deixe que eu choro sozinho A dor e os espinhos Que a vida tem