Diz a mata em voz pequena Que o amor não vira pena Mas se for paixão sincera Vira galo lá da serra Teu olhar, flecha no peito Teu amor, meu maior feito Na queda do urubui Foi por ti que eu me perdi Canta, galo, no alto da pedra Traz o fogo que o amor lidera Tua crista é chama, é espera És a alma da índia sincera Ela dançava sob a Lua Era filha da água nua Mas num sonho de promessa Caiu no rio, virou lenda espessa O pajé falou baixinho Quem ama, nunca tá sozinho Ela agora voa e vela Na plumagem do galo da serra Canta, galo, no alto da pedra Traz o fogo que o amor lidera Tua crista é chama, é espera És a alma da índia sincera Se na floresta o galo cantar É ela chamando pra amar Se a crista brilhar no amanhecer É o coração dela a renascer Se tu fores sombra e galho Eu serei raiz e orvalho Nos teus olhos vou pousar Como ave que quer voltar Nosso amor é pena e vento É segredo no relento Mesmo o tempo sendo fera Te encontro na pedra da serra Canta, galo, no alto da pedra Traz o fogo que o amor lidera Na floresta, ela ainda espera Ser tocada por quem ama e venera Quando o galo canta, é ela que ama