Carreiro batido de casco Cova de pata dos andejos Rumo de algum desejo Quando o xucro vício assombra Ao tempo que te nombra Corredor por assim ser Sinto as vezes pertencer Ao dançar das tuas sombras Estendido viu cruzar Tropas de bicho e de gente Ao som dum contingente Da sentinela guerreira Que é sempre a voz primeira Que no teu trecho povoa Nas tuas curvas ecoa Rompendo a quietude costumeira Ninguém se apodera do mundo Na extensão que esse tem Igual não pertence a ninguém O que entre cercas tu divide Embora há quem olvide Pra se fazer dono reclame Nada mais livre que cruzar No teu aparte entre arames Cada trecho sei de cor Me apoderei de cada atalho Mas não por isso me abaralho Se te cruzam calaveiras Jamais mudo a maneira Do meu trotear teatino Pra bentição de malinos Ato minha calma a soitera Noite escura madrugada Num céu de temporal Recordo um raio bagual Clareando tua lonjura Trago a palavra em jura Na encruzilhada do campito Partiu em dois um cerne dum angico E me sorriste qual criatura Cruzei lá noutra vez com China Violão e guampa de trago E num regalo a lo largo Por trás da noite uma estrela Desprendeu-se da boeira E em verso eu fiz promessa Que naquele trecho empeza Meu romance de vida inteira E sempre nesse caminho Que fiz carreiro toda vida Trago cismas contidas De partir e aqui voltar Como a te contemplar Estrada que me encanta Inspiração que levanta Quando fico a te mirar Te invejo por haragano De ser assim sem dono certo E de peito descoberto Trago olhos de querer Almejando também ser Corredor do próprio tempo E cantar a tua história Sendo livre qual o vento