Vejo senhoras Carregando sua cria Sinto a vida em harmonia Solto a voz esganiçada Subo a calçada No calor do meio dia Convocando a freguesia Com a mochila pendurada Que nem moleque Pés descalços pela rua Me refresco na biqueira Como jambo e seriguela Milho e canela Na caneca de alumínio Escorrendo pela boca De criança magricela E chega ao fim Não sobra nada São para mim Como quadros desbotados Pelo tempo em nossa sala E chega ao fim Não sobra nada São para mim Como quadros desbotados Pelo tempo em nossa sala Dá meia noite O solado pede arrego Não encontro um sossego GPS desligado Sentindo fome Sem achar um aconchego Tô perdido em meu apelo Vou pra casa aperreado Faço de conta Que amanhã a coisa muda Tento achar o jeito certo Traço minha ladainha Chamo a vizinha Pruma prece à brasileira Solto o verbo, sai besteira Acho que é o final da linha E chega ao fim Não sobra nada São para mim Como quadros desbotados Pelo tempo em nossa sala E chega ao fim Não sobra nada São para mim Como quadros desbotados Pelo tempo em nossa sala Saiu da minha casa Rebolando, inconsequente Mas não era para mim Sim, prum mundo reluzente Fez tudo por amor Só não foi no tempo certo Pereceu em desengano Nessa selva de concreto E chega ao fim Não sobra nada São para mim Como quadros desbotados Pelo tempo em nossa sala E chega ao fim Não sobra nada São para mim Como quadros desbotados Pelo tempo em nossa sala