Qual um reponte de nuvens, costeando o rumo do vento Assim tranqueia o destino pelas mãos duras do tempo A vida é tropa que marcha, ruminando os dissabores De sonhos que desgarraram nas curvas dos corredores O tempo é estrada comprida sem ter atalho nem volta É feito cusco lebreiro que aperta, boca e não solta A vida é estouro de tropa que não sabe aonde vai Que pensa em ganhar o mundo e além da cerca não sai Saudade é alma ferida Que nem o tempo maneia Se o tempo é o jugo da vida Lembrança é o tempo que apeia O tempo, qual um carancho, traz sua sina nas asas Lembrança, um potro sogueiro, rondando a volta das casas Na cancha incerta da vida, o tempo ganha de mão Saudade é vento, rangendo nas frinchas do coração Nada se leva da vida, saudades ficam com alguém Mas que o tempo implacável um dia leva também Deter o tempo é ilusão, é sonho que não se alcança E assim a vida se faz saudade, tempo e lembrança