Desculpa tô aqui, mas eu nem sei o que falar E mesmo ensaiando não sei como começar Nem posso distinguir o que é fútil e o que desejas escutar Fazendo um panorama do meu trama até aqui Não há uma relevância que te faça insistir Que o meu psiquismo traz a legitimidade do existir Sou um emaranhado de vazios transbordantes O espelho está drenando toda a força vital Desfigurado traços, rasurando o manual Que estava, até então, configurando e me ensinando o que é normal E mesmo sendo tanto sinto-me insuficiente Quase nada na multitarefa da minha mente Eu sou um monte de coisa, mas nenhuma me traduz corretamente Sou um emaranhado de vazios Anestesiado no dever, me pergunto desde bebê Quem habita no verbo do meu ser? Então diante de você, há um vazio em degradê Procurando camas pra se preencher Um forasteiro num buraco negro em expansão Está subvertendo o espaço-tempo dos meus vãos E agora já nem sei o que eu sou e o que é só projeção Me sinto esvaindo de mim mesmo sem parar E quanto mais me busco mais me pego a duvidar Que quanto mais perdido mais eu tenho a chance de me encontrar Sou um emaranhado de vazios Sou um cosmo vazio, sem nenhuma estrela a te guiar Sou um deserto vazio, sem nenhum oásis pra te dar Sou um abismo vazio, sem nenhuma corda pra puxar Sou um atlântico vazio, sem nenhuma joia pra achar Sou um sujeito vazio, sem nenhuma ideia pra explorar Sou um trajeto vazio, sem nenhuma rota pra voltar Sou um desvario vazio, sem nenhuma história pra contar Um vazio vazio, sem porquês ou quês pra encontrar Anestesiado no dever, me pergunto desde bebê Quem habita no verbo do meu ser? Então diante de você, há um vazio em degradê Procurando camas pra se preencher Desculpa tô aqui, mas eu nem sei o que falar E quanto mais me busco, mais me pego a duvidar Que quanto mais perdido, mais eu tenho a chance de me encontrar