Numa vida tentando ser raro, ergui pontes e castelos Me revesti de Sol e colo alado pra, nos vitrais das memórias, ser um eco Desde o berço expio os meus pecados lapidando a lápide Que dirá a um mundo encantado: Aqui jaz um príncipe Tentando não ser banal, me vesti de angelical Me fiz sobrenatural, com pavor de ser normal Pra fugir de mim, eu me escondo num baú E deixo um manequim ser o que eu não consigo Deixo-o me assumir na esperança de eu sumir E nunca mais voltar à primeira pessoa do singular Pra não ser apenas um sopro e desvanecer na poeira Minha humanidade dissolvo, para atravessar fronteiras Pra fugir de mim, eu me escondo num baú E deixo um manequim ser o que eu não consigo Deixo-o me assumir na esperança de eu sumir E nunca mais voltar à primeira pessoa do singular Pra fugir de mim, eu me escondo num baú E deixo um manequim ser o que eu não consigo E ao fugir de mim, embalsamei o meu caminho e não consigo mais voltar Tento qualquer conexão desde que não me abandonem Quero que me estendam a mão e saciem toda minha fome Tento reencontrar o chão de um antigo peito inocente Que se perdeu em algum porão, ou que partiu permanentemente