Mesmo o amor sendo mistério, declamei-o com convicção Fiz dos seus dilemas meu colégio E lecionei, depois, a interrogação Fui devoto, fui amável, amante e amigo Porém, quando precisaram do profundo Fui abismo Quando um par de olhos me interpela Com a vastidão do dissabor Tudo o que sei se desmantela Junto com o que acho que eu sou Sei que nada é perfeito Entretanto, quando o desalento é mais que o acalanto Sobrepuja o encanto e vira talismã do pranto É porque nunca entendi Nem aprendi Ou talvez, nem mereci Mesmo o amor sendo inerente Confesso não lembrar da sensação Mesmo tão carente e ciente Inconscientemente eu digo: Não Muito mais que um carinho entrelaçado A lama, a luta, o luto ao lado A loucura, o lacrado e o laço São sagrados Mas fico deslocado Não faço jus aos atos E faço tudo errado E mesmo sendo amado Eu não sinto nada E mesmo sendo tudo Eu não entrego nada