Quantas vezes eu disse as mesmas palavras? Quantas vezes, de joelhos, eu fui beijar a lona? Quantas vezes tropecei em minha amargura? Quantas vezes eu vi o Sol se pôr? Quantas vezes senti na carne sua dor? Quantas vezes, Deus, eu duvidei da fé A mesma fé que remove as montanhas e os pecados Quantas vezes mentir foi o melhor que fiz? Quantas vezes, na vida, fui jogo sem vencedor? Quantas vezes, louco, essa loucura me pôs? Quantas vezes mais andarei fora do rumo? Quantas vezes passarei a noite na solidão? Quantas vezes eu tive, tive medo da escuridão A mesma escuridão onde a luz é aversão Quantas vezes mais irão fechar as portas? Quantas vezes ainda implorarei pelo pão? Quantas vezes terei de dar a outra face? Quantas vezes verão meu corpo surrado? Quantas vezes ainda estarei aos farrapos? Quantas vezes eles calarão minha voz A mesma voz rouca, insana e sempre tão profana