Olha o jantar Um feijãozinho Um café brando Um meio abraço e o beijinho Depois o show televisivo E os planos de vacances No Algarve Quem dera a Itália Entre sonhos e esperanças Adormeço a ouvir fados da Amália Jornal na retrete O outro dia no emprego Sorrir ao chefe nem a frete Por um pouco de sossego Eu cá não me meto em nada É mais fácil ser assim Mantenho a boca calada Desde que esteja bem pra mim Quero lá saber dos outros Se aqui se mata, esfola Isso não é da minha conta Só leio Reader's Digest e a bola Sou um fã do James Last E o meu herói é o Alain Delon Muita emoção e romance Nos filmes de aventuras É tão bom É tão bom Eu confesso É verdade Não me olhem mais assim Frequento pela calada Locais de fraca moral Também não se pode ser Assim tão reto e integral Além disso vocês entendem Aos homens não fica tão mal Conheço bem as mulheres Ainda sou um bon vivant Até leio nas horas vagas O livro do doutor Fritz Kahn Não há uma que me escape Sou um pequeno Alain Delon Em pantufas e roupão Sonhando aventuras só pra mim É tão bom É tão bom