Tome-se o astrolábio, meça-se a altura solar Dê-se mais grau menos grau, conforme o balanço do mar Imaginem-se latitudes invisíveis meridianos Que a lenta ciência se apure nos astros e nos oceanos Rume-se ao Sul sidério e às indias orientais Complete-se o planisfério com todos os novos locais Proceda-se sempre de acordo como manda o regimento Fazendo um diário de bordo por causa do esquecimento Já conheço o Sete-Estrelo que me guia e orienta Hei-de vêr esses bazares de canela e de pimenta Anote-se boca de rio cabo maré e monção Costume de gente e feitio tudo fique em relação E mais o que o medo inventar que o senso há-de aclarar Assim se descreva e reúna em livro de marinhar Ao mundo ache-se o centro tire-se até bissectriz Navegue-se por fora e por dentro como se fosse um país Alterem-se as dimensões nas cartas e nos roteiros Até que ele caiba nas canções dos cafés de marinheiros Já não oiço as sereias já sei traçar o azimute Faltam poucas luas cheias para chegar a Calecute