O preto sobrevive Tudo passa, o sofrimento e a desgraça Tamo luta, na correria Um preto sonhador Que quer viver bem, no dia a dia, sem demagogia Não esqueço minhas raízes E o nosso sofrimento Da quebra de onde vim Só ódio e lamento No prato era pra ter, o arroz e o feijão No final do dia, só sangue e munição Como que pode uma sociedade Construídas por pretos Ter desigualdade desse jeito Preto que não tem respeito Diz que mora lá no gueto Passa sufoco no leito Durante centenas anos Foram tratados como bois Hoje a polícia atira primeiro E pergunta depois Ingratidão, desilusão Seres humanos Que não tinham coração Mas sou um preto com esperança Que quer levar a consciência Pros adultos, e as crianças Quero ver meus irmãos Livres do preconceito Da cor da pele e descendência Mas tudo que fazem tem consequência Então vamos levar a consciência O preto na favela não vive O preto na favela sobrevive O preto toma tiro livre Guerreiros, de toda uma geração Que aguenta diariamente a humilhação Falar que não tem preconceito Então vamos lá ver na prisão Cinquenta e oito por cento são pretos, tratados como cão Guerreiros, de toda uma geração Que aguenta diariamente a humilhação Falar que não tem preconceito Então vamos lá ver na prisão Cinquenta e oito por cento são pretos, que não tiveram Acesso a estudos e educação