Ouçam o silêncio que vem lá do manguezal Da lama nasce a força que nos resta Não mais uma fresta, pro seu carnaval Revive em cada Francisco Os gritos mestiços Filhos protegidos pelo sangue ancestral Queimamos no Sol e no sal Vivemos a margem social O Capibaribe reinventa E o novo Recife, é MangueTown Maré encheu Maré vazou De longe, bem longe, ela me espelhará Minh'alma e minha flecha, aponta para frente Sou do Congo, minha alfaia é resistente Maré encheu e maré vazou De ionge, bem longe eia me espeinará Nas ruas, faço festa, até o galo gargalhar Na madrugada, sou a gira a rodopiar Não! O tempo não para e a cidade acende No peito a coragem de quem não se rende Herança Daurê de Mestre Salu Ritos de Meia-Noite em samba e Maracatu Se redemoinham pra se misturar Reencarna Dandara em todo seu poder À luz de Palmares no alvorecer Verde, vermelha e branca a se rebelar Quilombo Caxias, enfim renascer Erês da baixada vão nos conceber Um canto de alforria no ar Lindo o show da avenida a continuar Saluba Nanã! Nanã Buruquê! Agô pra entrar pra pisar no seu llê Respeite quem é de fato direito Nação Zumbi Grande Rio no peito