Lá É lá é lá é lá é onde mora a lama A vida em transformação Onde o Sol beija a maré Caranguejo habita o chão O sopro da natureza, encontro do rio-mar É galho, planta, é raiz, vento na tez da manhã Sou de Nanâ aê, sou de Nanã eá Senhora da criação, a luz pra me alumiá Sou de Nanã aê, sou de Nanâ eá Abre os caminhos pra Grande Rio passar Pescador joga o puçá... No balanço da canoa Do mangue vem alimento pra sustentar Aratus e guiamos, carcarás e urubus No velho Capibaribe a pobreza a olho nu Maracá, maracá, maracatu De ganga zumba, de zumbi Dança molenga é existência, batuque pra resistir Fervo no frevo, embalanço na ciranda A cultura da minha nação Batida livre no meu coração No som da voz, o manifesto em aliança Transformação A esperança renasceu do caos Eletrificando influências, protestos munidos de arte Raiz de palmares, no peito a coragem Do manguebeat a revolução Chico chamou, escuta Um filho do mangue não foge da luta Caranguejos emergem da periferia Num grito que uni Recife e Caxias Grande Rio vem na força da baixada No baque virado dos tambores da invocada O povo forte ergue a comunidade E sai da lama pra viver dignidade