Maré subiu, foi quando a lua alumiou Nasceram raízes no mangue Onde o caranguejo é rei e doutor É Nanã molda o barro dos ancestrais O amanhã resplandece no teu lilás E Josué já dizia: Há vida na lama A fome é mazela que o mundo reclama Na margem a terra molhada fulgura Figuinha, guará, jacaré saracura A imagem marginal de onde vem o meu sustento Ganha a mesa ribeirinha e faz do solo um movimento Daruê malungo ê Viva o templo de batalha Paruê malungo e Descendentes de Dandara É guardião regue o pé do mundo livre Lamento negro é essência que vive Reflete contra o lodo social Liberdade ancestral, um grito de alerta Sou nação zumbi, voz do manguezal Hei de resistir pelo litoral A pobre elite não vê, ou sempre finge O que me aflige, eu brado, é grave Se eu não alcanço você, meu groove atinge Ciência de chico na bolha não cabe O povo antenado na periferia Num beat aperreado pro baque virar O nosso mangue é Duque de Caxias Me organizei pra desorganizar Meu canto é maracatu por igualdade Nas garras do aratu, identidade Num grande rio de veias abertas Toque de alfaia, mente liberta!