Iôo caminho de terra molhada Lágrimas pretas que Oxum recolheu Iôo sonho inunda o mundo Iâo de Imaculada Olho d’água que nasce nos Canjerês e congadas Iôo o sol retornará um dia Ontem, hoje e agora Iôo, Joana, Conceição, Ainá Negras Estrelas do abebê de Ipondá Sabela insubmissa, levando seu povo nas costas Transformada pela vida Dentro do silêncio e da dor Acendeu a poesia que hoje o Império Canta na avenida Samba, favela, auê malungo Eu canto para incomodar Escrevivi assim o meu lugar Na Academia Brasileira dos Bambas Nosso palácio ancestral Onde o batuque é de terreiro E a casa grande não se cria! Ó mamãe pendura a saia Tinge de ouro o cordão Roda gira, reza o terço Benze meu corpo com a mão Mandinga, agogô, puro feitiço Poema de recordação Mulungu, flor da Serrinha Ponciá, ali de Minas Conceição nasceu rainha Espelho d’água de amor Nos becos da memória do Brasil O desamparo da criança Alvejada na miséria do racismo Ainda assim se levanta Por mais que tentem nos calar Vou dizer tudo o que eu quero dizer A gente combinamos de sobreviver A gente combinamos de não morrer! Casa feita de livros Me trouxe até aqui Imortalizada na Sapucaí