A menina-flor dos olhos d'água, imaculada batizou No espelho de Oxum se consagrou Foi na terra que a palavra germinou Minas, becos e memória bordaram sua história Tia Halima e vô Vicêncio ensinaram rituais Conquistou sabedoria na força dos ancestrais Foi na congada, ô, foi na folia Yalodê nos traz a luta em poesia Nas águas da inveja Benevuto é a onda do poder No chôro, samba-favela Chamo, imploro Sabela Sobreviver é verbo forte De quem escrevive pra vencer Novo lugar, velha agonia Negro tem sossego não Preta é a cor da exclusão Sou raiz, sou poder, sou axé no ayê Agô, agô, me deixe escreviver! Casa de livros, palácio do saber Fez a luta florescer, casa grande adormecer Negros estrelas são poemas ao luar Mãe preta levanta o olhar pro infinito E no caderno derrama seu grito -Parem de nos matar! Hoje o tempo se renova Brotou o tesouro Ainá-Maria-Nova Tem kizomba e canjerê A gente combinamos de não morrer No jardim do mulungu o tambor ressoou Na voz da mulher que o tempo ecoou É o império escrevivendo essa potência Conceição é resistência! Ê Ponciá, tu és rainha imperiana Ê Ponciá, na Serrinha tua palavra é soberana