Chegou minha águia batuqueira Gaúcha, sim, senhor Negritude não tem fronteira É nação de mil bandeiras Que a portela incorporou Atrás da neblina dos pampas De um rio grande e escondido O negrinho acendeu a vela Para esparramar na noite Uma história preta como os olhos dela Disse ao velho Bará que o príncipe de Ajudá Se aboletou naquela querência Num tempo em que ser negro por lá Era quase ter que negar a própria existência Mas o senhor do Benin Que um grilhão jamais vestiu Assentou a África nas bombachas do Brasil Tamboreiro, curandeiro No sopapo do ngomá Ilu chamou, deixa chamar Foi xirú de sarandeio Fez xirê de Sapaktá Correu lonjuras no destino do ifá E assim, nas barbas de um vento minuano Custódio Joaquim, nobre africano Juntou num só tambor Oyó, ijexá, nagô, jeje, cabinda Os ricos, desviou só na mandinga Batuque então brotou por todo o Sul Foi aí que o Bará entre as quinas do quintal Apontou pro piá a coroa ancestral Tua hora chegou, negrinho, de ser coroado O guri galopou com o futuro em sua mão Alupô, alupô abençoa nosso chão Canta o povo aguerrido e bravo Virtude é não fazer ninguém de escravo