Numa velha Salvador Um retinto vai e vem Na ladeira do Pelô No sobrado de alguém Um fidalgo que comprou O melhor sabor que tem Ao som do bereguendém Ao som do bereguendém A granel e pela rua Não havia armazém Ao som do bereguendém Ao som do bereguendém Doce perfume de lote de fruta do pé Gostoso igual cafuné Ê Bahia É alquimia, tempero que faz salivar Um cheiro que traz poesia Oh sinhá Tem corpo ornado de luz, o axé me faz jus Não é buginganga sinhô ôôô Presença Matamba, adorno da terra De vidas passadas, vitória na guerra São digitais de artesãos Esculpidos pelas mãos De impérios, de orixás Do adarrum, o som do ogã Assenta balangandã Salve Ogum e seus metais Sinhô, que a gaiola não prenda Tem fresca oferenda pra ancestralidade O corpo da preta guardou O preço da própria liberdade Pra uns alforria, a vã covardia Vender a essência por sobrevivência A história gravada, forjada de luta e lida São tempos idos, barulhos vivos Memórias vestidas A fortuna dos sorteados É vencer a própria vida Pra contar o que importa Boa história enegrecida Do levante a minha voz Maricá com muito orgulho