É resistência mergulhada nesse mundo A leitura é um bem profundo Que a privou da liberdade São Cipriano, derramai por sacramento Um pouquinho de tormento Pra salvá-la da maldade! Secou seu pranto em outro canto Atrás de um sonho resiliente Não a esquecerão jamais! Sua grafia, sem padrão da academia Moço, a sabedoria não se rende aos imortais Tira o lenço da cabeça, ô ia ia! Dê adeus ao canindé! Se há luz, há esperança Que exemplo de mulher! (Iô iô iá iá) Tira o lenço da cabeça, ô ia ia! Tão pesada foi a cruz Vem pra cá, sente-se à mesa Carolina Maria de Jesus! Nós somos tantas por aí Mas ninguém vê No peito, a fé que as portas vão se abrir Dizem que um dia a favela há de vencer Sobreviver é o prefácio do existir Ah, vô benedito, me alumie! O meu desejo nunca foi catar papel Que a negritude deixe o quanto de despejo Quantos talentos eu vejo Aqui no morro do Borel! Mãe valente e poetisa Hoje é dia de arerê! A Tijuca se encanta na missão de agradecer! Remanescente dessa falsa abolição Vejam quantas carolinas já calou essa nação!