[Enredo: Carolina Maria de Jesus] Eu sou filha dessa dor Que nasceu no interior de uma saudade Neta de preto velho Que me ensinou os mistérios Bitita cor, retinta verdade Me chamo Carolina de Jesus Dele herdei também a cruz Olhe em mim eu tenho as marcas Me impuseram sobreviver Por ser livre nas palavras Condenaram meu saber Fui a caneta que não reproduziu A sina da mulher preta no Brasil Os olhos da fome eram os meus Justiça dos homens, não é maior que a de Deus Meu quarto foi despejo de agonia A palavra é arma contra a tirania Sonhei sobre as páginas da vida Ilusões tolhidas no sistema algoz Que tenta apagar nossa grandeza Calar a realeza que resiste em nós Dos salões da burguesia aos barracos do Borel Onde nascem carolinas Não seremos mais os réus Por tantas marias que viram seus filhos crucificados Nas linhas da vida, verbo na ferida, deixei meu legado Meu país nasceu com nome de mulher Sou a liberdade, mãe do canindé Muda essa história, Tijuca! Tira do meu verso a força pra vencer Reconhece o seu lugar e luta Esse é nosso jeito de escrever