Vim do guetto, do secreto A nossa história não tem amuleto A nossa vida não sai no panfleto Vim do entulho, do cimento Tenho nas pernas a nossa cura Corpo, cara, fé e testamento Estou na luta, nesta disputa A vida ensinou-me que é curta Demais para desperdiçar Planto amizade, colho vaidade Sinal da idade? Não há piedade nesta sociedade Mas eu sobrevivo! E mesmo sem o futuro risonho de sonho Que todos querem Seremos donas de nós! Haja ou não haja o dia de amanhã Vou sem pensar na volta Já não faço falta Nem o chão daqui me chora Se sair, do Soweto Vim da sombra, fim de mundo Faço-me à estrada sem lei E vivo a vida daquilo que sei Sou do luto, da batalha Faço das pernas coração Força, salto, pé no movimento