Disseram-me um dia Rita põe-te em guarda aviso-te, a vida é dura põe-te em guarda cerra os dois punhos e andou põe-te em guarda eu disse adeus à desdita e lancei mãos à aventura e ainda aqui está quem falou Galguei caminhos de ferro (põe-te em guarda) palmilhei ruas à fome (põe-te em guarda) dormi em bancos à chuva (põe-te em guarda) e a solidão não erre se ao chamá-la o seu nome me vai que nem uma luva Andei com homens de faca (põe-te em guarda) vivi com homens safados (põe-te em guarda) morei com homens de briga (põe-te em guarda) uns acabaram de maca e outros ainda mais deitados o coveiro que o diga O coveiro que o diga quantas vezes se apoiou na enxada e o coração que o conte quantas vezes já bateu p´ra nada E um dia de tanto andar (põe-te em guarda) eu vi-me exausta e exangue (põe-te em guarda) entre um berço e um caixão (põe-te em guarda) mas quem tratou de me amar soube estancar o meu sangue e soube erguer-me do chão Veio a fama e veio a glória (põe-te em guarda) passaram-me de ombro em ombro (põe-te em guarda) encheram-me de flores o quarto (põe-te em guarda) mas é sempre a mesma história depois do primeiro assombro logo o corpo fica farto