Com desprezo Me agarro Ao cadáver De minha mãe Caído, ali no chão Dividindo espaço Com tantos outros corpos Chacinados pela mesma mão Que não há muito tempo Com beijos ela abençoou Entregando seu coração Ferido Por um filho Que à beira de seu caixão Suas joias particulares Saqueou Dentre suas joias particulares Se encontrava Um Hierofante de marfim Talhado por mim Enquanto o réu se escondia Atrás do vidro maternal Estampado no funeral A lágrima de alegria Escorria pelos braços do cortejo Sob velas Transcendentais E quentinhas De carne-de-sol com jerimum Preparadas Por mamãe Pouco antes de eu matá-la A marretada Minha marreta Juliana Só ela me entende Não faz nenhum drama Minha marreta Juliana Minha amada, minha cúmplice Minha dama O terror! O terror De quem nunca se arriscou A nadar na banheira Pra mergulhar Na língua da ribanceira A testemunhar seu início No fim da vida de alguém O terror! O terror! O amor! A testemunhar seu início No fim da vida De outra pessoa