Para você sou apenas um corpo Sacrificado para lavrar esta terra Dos sulcos do meu osso Teu ouro civilizou a guerra Os pedaços da minha carne Acusam a penitência por minha voz Meu sangue condena a humanidade Pintando um firmamento atroz No quilombo busco a eternidade Uma chance para envelhecer Espíritos não sobem ao céu escarlate Nem a alma tem quinhão depois de morrer Eu quero ir pra casa Correr da senzala Que o Brasil seja a minha África Seja a minha casa Eu não vou temer Eu vou crescer E o Brasil será minha África Construí a casa Você invejou a minha face E se perdeu com tal beleza alucinante E para que ninguém a visse e se encantasse A escondeu com uma máscara de flandres A minha existência amarga Açucarava a sua vida Nas moendas fui privada De abraçar a minha filha Do branco do algodão perdeste a salvação Do preto do café vendeste a fé Sou mais que a verbalização da canção Dos portões da igreja saí de pé Eu quero ir pra casa Correr da senzala Que o Brasil seja a minha África Seja minha casa Eu não vou temer Eu vou crescer E o Brasil será minha África Construí a casa Eu quero ir pra casa Correr da senzala Que o Brasil seja minha África Seja minha casa Não vou desistir Nem vais me ferir E o Brasil será minha África Sou o solo sob a casa