Acenda um cigarro de palha E saia para a lavoura Aqueça a sua migalha de pão. Levante a sua enxada E cave uma cova, um vão Que caiba a sua formosura de João. Mulher, filho, filha: herdeiros Um cheiro de maldição No osso o seu cativeiro e o cão Paredes de barro, barbeiro na cara E o pé não tem bicho, não Que possa com tanta quentura do chão. E as crianças ficam na varanda Lançando um olhar lá para o horizonte Esperando João chegar com o que quer que seja nas mãos Que possa matar, que possa matar a fome, a fome Que possa matar a fome, a fome Que possa matar a fome, a fome Que devora e mata aos poucos.