Fui assistir um velório de um parente da tia Chica Vou contar pra vocês como as coisas se complica O pobre só vai pra frente quando por sorte tropica E mesmo depois de morto dá trabalho pra quem fica A situação era triste no velório pobretão O morto em cima de um banco morreu sem vela na mão Ali não tinha café, cachaça, nem chimarrão Começou faltar cadeira, jogaram o morto no chão Eu por mais humanitário tomei uma decisão Inventei uma carpeta, fui tirando comissão Mandei comprar umas velas, tabuas, pregos pro caixão Café, e um pouco de açúcar e quinze quilos de pão Quando acenderam as velas e acabou com a escuridão Foram servir o café, deu a maior confusão Pois não é que o vivente levantou uma das mãos Meteu dentro da bandeja, pegou um pedaço de pão Quem estava fazendo sala se sumiu na escuridão Como eu não sou assustado fiquei ali de garçom Tratei bem do defunto, café bem doce e pão De esganado comeu muito e morreu de congestão Pra levar pro cemitério fizemos um puchirão Por lá um pegou na pá, botei mais dois no picão Rezei uma Ave-Maria quando baixaram o caixão Pois quem não faz caridade não merece a salvação