Eterno é Deus, Tudo o mais é uma folha de alfazema Que o vento leva no doce perfume da açucena Águas passadas nas longas braçadas do moinho, Leve desenho na pena de um livre passarinho; Eterno é Deus E o resto é a sombra de uma nuvem Sobre a corrente das águas que de repente surgem E prontamente se escoam na sequidão da terra Um pensamento, uma flecha do arqueiro, quando erra; Poeta é Deus, Sou apenas o verso de um poema. Ele é palavra, eu sou o desejo de um fonema, Verso branco, breve, à espera do seu tema; Eterno é Deus, Tudo o mais é uma gota de sereno Que de manhã cobre a folha da grama no terreno, Ao meio-dia é apenas lembrança pouca e vaga É trilha incerta, é uma estrada deserta e ensolarada; Poeta é Deus, Sou apenas poeira do caminho Ele é o rio que me leva assim, devagarinho, Pela vida afora, nunca mais sozinho!