Eu não pedi pra sair Você me tirou de lá Desafricou totalmente O melhor do meu habitar Por isso eu te peço, ó meu zumbi Dê-me forças para suportar Essa africanagem cruel Minha sede é beber desse fel Como se fosse mel E continuar à zuar Sou negro zoá, zumbi Sou negro zoá Vou viver zoando zueira Sou zuza à zoar Venho de longe Vou no lombo desse jegue E seguindo essa estrada Arribando do nordeste Carece, carece de proteção Pois a vida na caatinga Amigo, não é mole não Quando chove, enche o rio E vem a inundação Quando é Sol o solo racha Lá se foi a plantação Vou caminhando Venho com minha família Mulé prenha, filha moça E o caçula com dois anos Sou um andante nesse imenso mundo cão Carregando essa desgraça Porque venho do sertão Ô grande maluca Estou assim assado Quero te escrever Mas não tenho nenhum lápis de cor O meu quadro negro, negro, negro Se mandou pro morro, morro, morro Meu papel timbrado Na favela se casou A minha gillette Cega, enferrujada Não presta pra nada Nada mais aqui restou Minha agenda preta Toda chamuscada Nenhum vestígio de giz no apagador Eu tirei, eu tirei, eu tirei Eu tirei o acento do ó Injuriou vovό Coloquei chapeuzinho no ô Elegante ficou meu bom vovô Mas meteu o nariz onde não foi chamado Ficou desorientado E tomou pau do professor