Nesses pagos da fronteira um sombrão é um boca-aberta Destes que ficam parados na hora em que a coisa aperta Tem um conhecido meu, que é bem assim deste jeito Meio sonso meio tonto, mas no fundo um bom sujeito O sombrão se foi pra um baile lá no bailão do reponte Pilcha nova, chapéu torto, com a mesma cara de "ontonte" Ficou olhando uma linda, com uma renda no vestido Como quem cuida pra o nada buscando algo perdido Ela de longe lhe olhava e lhe dava cada "vistaço" E ele nem percebia, com a aquele olhar de "mormaço" Jeito de sono no baile e a linda, assim, lhe querendo Numa estampa de borracho que nem sequer tá bebendo Só faltou a moça linda tirar o sombrão pra dançar E ele nem fazia causo, contando a tarca na trança Ela chegou bem pertinho, fez um sinal que queria Levantou um pouco o vestido mostrando o que não se via Ele pediu outra fanta, fez menção de chegar junto Mas lhe faltou a coragem e um bom motivo de assunto Achou melhor nem trovar, que a moça era muito linda E ela estendia os seus olhos, pra ele, com "boas-vindas" E o baile foi se findando bem como tinha iniciado A moça querendo a coisa e o boca-aberta sentado Por isso que nestes pagos é assim a proporção Tem muita moça solteira porque tem muito sombrão