Num castelo esquecido Onde a Lua não brilha Jazia um rei sombrio Sem coroa, sem filha Chamavam-lhe monstro Demônio profano Mas foi por amor Que sangrou o arcano Na lareira apagada O retrato escondia O rosto de lisa Sua luz, sua guia Queimada em praça Por prece e temor Foi ali que nasceu O seu ódio e clamor Olhos de trevas Ergueu a condena Sobre vilas e reinos Lançou sua pena Se o mundo a matou O mundo irá ruir E assim fez da morte Seu modo de existir Fez pactos com sombras Tomou o além Criaturas o servem Mas sente-se ninguém Pois cada grito que ecoa Em seu salão É um lembrete cruel Da sua perdição Canta, ó noite! A dor do imortal Que perdeu o céu Ao cair no abissal Drácula, chora Em silêncio cruel Pois até os monstros Já sonharam com o céu Veio então um herdeiro Com cruz e aço Um belmont ousado Sem medo do abraço Mas mesmo em combate Sentia o pesar Pois no olhar do conde Havia um chorar Porque insiste em viver Na vingança Porque o meu amor Me foi morto na lança E no último gesto Sem mais resistir O conde entregou-se Deixou-se cair Na cripta repousa Entre cinzas e flor Com o nome de lisa Cravado em amor Não mais a fera Não mais a dor Apenas um homem Vencido pelo ardor E dizem que às vezes Quando o luar dança Ouvem-se passos Em velha esperança É drácula andando Sem raiva, sem fim Buscando em silêncio O que resta de si Ah! Ah! Canta ó noite! O lamento final De quem perdeu tudo Num beijo mortal Drácula, o lorde De sombras e fel Só quis descansar Ao lado do céu