Tenho um causo pra contar Sobre uma assombração e um monstro Se trombaram na caixa-prego E pra acalmar o confronto Foi o maior piseiro doido Esse frevo tarra pronto Um monstro caoio e zanoio Com a boca no imbigo E quem ousar enfrentá-lo Não tem noção do perigo Pois se ficar no caminho Ou sai morto ou sai ferido! O grito é como o assobio E se tu chegar a ouvir O melhor é correr muito Chega em ti daqui pra ali Feito uma locomotiva É o dito Mapinguari A alma penada é das noites E causa de que é fumante Perturba ao vagar na mata Com um assobio horripilante Pobre de quem tá moscando Jauera! Trombou de fronte! Dizem ser indescritível Uma ave é sua pareceira E, se você prometer Busca seu fumo ligeira Se à noite batem tua porta Abre! É a Matinta Pereira! Se ouviu zoada na selva Pode ser qualquer dos dois Desde o grito até o assobio Mas um gemido é que foi Ecoou por toda mata Mais que mugido de boi Ocorre que o peludão Tava bem cheio da pira No seu grande pé direito Que mais um pouco caíra Era bem ferida grave Mordiscada de traíra Matinta desavisada Ao gemido respondeu E mesmo com pé penoso Jauera! O bicho atendeu! Passou o pano por toda a alma Foi o amor que se sucedeu! Ela cuidou do pé dele E ele só no caqueado Alugou ela direitinho Com seu olhar apaixonado Foi amor a primeira vista Mesmo com seu mal olhado E juntaram as contendas Não ria que não é zoeira Não é nem conto nem é lenda E foi lá naquelas bêra Que arrumaram casório Banhados pelo Madeira