No rancho de Madalena O silêncio que renasce é um idioma que não cala Pra conversar co a saudade nos quatro cantos da sala E os dias seguem ao passo, em sensível lentidão Enchendo olhares escassos com os céus desse rincão No rancho de Madalena As madrugadas inteiras deixavam de ser vazias Co a presença musiqueira de timbres e melodias E a bondade era visita sem ter hora pra chegar Fechar a porta por dentro, lavar a erva e ficar! No rancho de Madalena Mocitos juntaram tropas, de osso, pelas distâncias Reunidas pelos rodeios d’algum potreiro da infância E chinitas maturaram seus sonhos de primavera Desabrochando tal flores o amanhã de cada espera! No rancho de Madalena Haviam ramadas largas, onde encilhavam campeiros Em manhãs de recorrida, com lumes dos sóis primeiros Onde cresceram piazitos Onde viveram senhores Onde o respeito era um pingo e, sua gente, os domadores! No rancho de Madalena Invernos e seus rigores tinham fogo de galpão E conselhos eram ponchos pra’s geadas da solidão A fé genuína das horas reunia as almas em prece Dizendo que tudo posso naquele que fortalece! No rancho de Madalena Há um coração de morada, que descansa e pulsa forte Sabedor de toda vida que existe depois da morte E uma porteira rangendo (quando o vento lhe desperta) Que, pra quem chega da estrada, insiste em dormir aberta!